Desgarradas e Meadas de onde não se vê o Fim

Desgarradas e Meadas de onde não se vê o Fim é a fusão de três performances criadas ao longo do verão de 2020, em três freguesias do concelho de Viseu – Calde, Cavernães e Côta – no âmbito do programa Diálogos promovido pela Nicho Associação Cultural.

César Prata e Dennis Xavier, Joana Martins e Joana Pupo, Emanuel Santos e Patrick Murys inspiraram-se em entrevistas, conversas e recolhas sobre as memórias destas terras e as histórias de vida de alguns dos seus residentes mais antigos, para criarem peças performativas insólitas que abordam o passado, mas também o presente e o futuro.

Quando olhamos para trás, sobre estas três residências percebemo-nos que, tendo cada trabalho uma forte identidade e uma estética própria havia temas e questões que atravessavam todas. E é dessas sintonias e da partilha de processos e de ideias entre as três equipas, numa quarta residência realizada na Incubadora do Centro Histórico de Viseu, na reta final do tão insólito ano de 2020, que nasce este espetáculo, produto final de tantos e tão variados diálogos. 

Uma ideia recorrente nas conversas com os mais antigos foi que apesar de terem vivido tempos difíceis, terem conhecido de perto a fome, a miséria, o trabalho árduo em troca de uma magra recompensa, as tristezas não pagam dívidas e que guardam, dos tempos da sua juventude, memórias de uma grande alegria e de uma forte união entre as pessoas. 

E surge assim o grande ponto de confluência destes três ensaios performativos: a festa. O momento em que deixamos as mágoas do dia-a-dia, esquecemos a crise que estamos a viver, comemos e bebemos em exagero e alimentamos a alegria, não como escape, mas como elemento essencial da nossa dignidade e da nossa sobrevivência.