Facas e Flores

Abrir uma porta torna-se um ato concreto e simbólico ao mesmo tempo: deixar o passado para trás, atravessar, cruzar fronteiras, ficar “do outro lado”, habitar um lugar onde o estranho e o familiar se encontram e, no ponto de convergência, dissolvem o seu sentido mais profundo.

Neste contexto, que máscaras usamos e tiramos para criar um território próprio, hermético ou acolhedor ao outro ?
Facas e Flores explora as temáticas dos territórios e das fronteiras, tanto físicas como abstratas.

Sem palavras, a linguagem dos corpos, das máscaras e dos objetos transportam-nos para um mundo poético e absurdo.
Propomos um olhar desviado sobre essa realidade, permitindo leituras singulares para quem vê, contrariando o olhar da necessidade de perceber, para se deixar surpreender.

Intenções…

Como podemos tornar a vida mais extensa? Como habitamos e construímos o nosso território? Quais são as fronteiras que nos separam? Quais as portas que abrimos e quais as portas que estão fechadas?

Qual é a tua pergunta?

É sobre estas questões, numa base íntima, que esta peça se tem revelado.
Afastamo-nos da palavra para explorar, sob outra perspetiva, aquilo que há de absurdo e trágico no facto de ser humano e a possibilidade de se conectar com a beleza de estar vivo hoje.
Viver no caos e, além dele, viver sob a avalanche de informação, viver a contradição.
Abrimos dimensões e olhamos para a Europa como se ela tivesse o tamanho do nosso corpo ou da nossa casa… como se a nossa casa fosse do tamanho do universo.

Usamos os corpos e os objetos como signos, símbolos e metáforas para mergulhar nestas questões, sem pretender respostas fixas ou lineares: não contamos uma história, questionamos… e esperamos.
Através da cena trazemos diversos e singulares pontos de vista que convocam a linguagem da própria experiência, sempre em transformação, para nos permitimos um outro estado, além da necessidade de compreensão.

As portas ficam abertas…

No final do espetáculo, após um breve intervalo, convidamo-vos a regressar ao espaço de atuação para conversar, trocar ideias, falar, contradizer, ouvir.
Trata-se do último acto da peça, um momento circular para rejeitar o que te parece que deves rejeitar, e para guardar o que sentes que seja bom guardar.
Que o mistério se revele e o encontro através da palavra se torne possível.